Após alguns momentos de apreensão, enquanto estava em uma
sala com a maioria dos seus amigos, na reunião semanal, adentra o recinto ela,
com uma roupa completamente provocante, vestidinho curtíssimo, delimitando
todas as curvas perfeitas daquele corpo escultural. Usava uma meia três-quartos
na cor preta e cabelo rabo de cavalo. Seu perfume atraía a atenção de todos.
Simplesmente estonteante... Num súbito, toda a sala se calou e todos os seus
amigos estavam em uma especia de transe, totalmente hipnotizados. Pareciam cães
famintos cercando um suculento pedaço de carne.
De início, não falou nada, apenas se dirigiu até ele,
virou-se de costas e recostou sobre ele. Ele, por sua vez, abraçou-a,
percorrendo com suas mãos todo aquele corpo voluptuoso, que às quartas, sextas
e sábados estava deitado, completamente exposto em sua cama. Deu-lhe um beijo
no pescoço, ela se fez de difícil. Tentou outro, em vão. Ela tentou se
levantar, ele a segurou. “Me solte, você perdeu...” – falou... “Não!” e a
abraçou com um pouco mais de força.
Ela não disse nada, apenas tentou sair, ele relutou...
Seus amigos estavam inquietos, como se notassem que algum ser imundo ousava desobedecer
às ordens da rainha. De todas as formas ela tentava sair, mas de uma maneira
estranha, sem fazer força, sem gritar; como um jogo psicológico, ela estava
conseguindo se livrar dos braços dele, restava apenas a sua mão esquerda em sua
cintura, quando ele disse-lhe:
- Não soltarei, se quiser, mande eles me soltarem daqui,
na certa obedecerão...
Ela não pensou duas vezes:
- Pois bem, tirem ele daq....
Não conseguiu terminar de ouvir, só foi o tempo de olhar
para o lado enquanto Eduardo, seu melhor amigo, lançava-lhe o punho fechado
contra seu rosto... Foi ao chão, sentiu que estava sangrando e notou também que
tinha perdido um dente. Do chão, conseguiu notar ela se esvaindo no meio
daqueles cães sarnentos, súditos acéfalos que estavam hipnotizados, todos a
acompanhando até a porta com um olhar protetor.
Levantou-se, se dirigiu ao banheiro. Olhou-se no espelho,
viu que ainda tinha metade do dente, arrancou no puxão, já estava quase caindo.
Mirou o ralo da pia, enquanto a água, com alguns fios vermelhos de sangue de
sua boca e pedaços do seu dente, descia como se nada tivesse acontecido. Quando
levantou a cabeça para enxergar sua imagem no espelho, Eduardo adentrou o
banheiro:
- Desculpa aí cara, sério...
Qualquer um, em plena consciência, imaginaria que ele
voaria no pescoço daquele grande filho de uma puta e o socaria até o coma,
deformando sua cara:
- Que nada, eu sei que você fez o que era preciso ser
feito...
Deu uma risada megalomaníaca, olhou-se no espelho, viu
aquela cara de derrota, amassada e suja de sangue, sentiu-se bem. Na verdade,
estava sentindo-se livre, o melhor momento de sua vida...
Don't Fuck With Us... You Don't Know Us...
Stay In Touch... Keep It Real...